quinta-feira, 31 de março de 2011

Etiqueta e trato social

Lembra daquelas regras de etiqueta que seus pais te ensinaram quando criança? Dizer por favor, muito obrigado, mastigar de boca fechada? Pois é, tem gente que não aprendeu, ou pelo menos fora de suas casas, insistem em não lembrar!

Desde que comecei a trabalhar no ramo gastronômico, venho reparando no comportamente das pessoas que frequentam restaurantes e posso dizer com convicção que 70% dos clientes com quem trabalho cometem pelo menos uma falha grave de etiqueta.

Mas, antes de citar tais comportamentos, vamos estabelecer os deveres de ambas as partes.
Funcionário: acomodar o cliente dentro do estabelecimento, apresentar-lhe as opções que a casa oferece, trazer o pedido do cliente e depois preparar a mesa para o próximo.
Cliente: pagar pelo que foi consumido e pelos serviços prestados.

Tudo o que vem além desses deveres entra na lista da etiqueta e do trato social, eis a parte mais delicada, infelizmente!

Palavras mágicas.

Tá certo, você está pagando pelo que vai consumir, não tem a obrigação de pedir por favor, muito menos agradecer por isso. Mas, independentemente de quem serve e quem é servido, você está interagindo com outro ser humano, uma pessoa com sensibilidade para reconhecer quando é tratada com respeito. Portanto, pedir com educação não vai custar mais caro, passará uma boa imagem sua e fará com que o funcionário lembre-se de você de forma positiva e passe a se esforçar cada vez mais para agradar.

Em boca fechada não entra mosca.

É uma questão não só de educação, mas principalmente de higiene mastigar de boca fechada. Não vou entrar em mais detalhes sobre isso, todo mundo está careca de saber que mastigar com a boca escancarada ou falar com a boca cheia de comida são hábitos extremamente deselegantes (e olha que estou sendo brando nas palavras ¬¬).

Gorgeta.

Ninguém tem a obrigação de dar gorgeta, mas algumas vezes o funcionário realmente se esforça pra fazer com que o cliente se sinta à vontade ou até mesmo consegue aguentar um certo abuso por parte do cliente com um sorriso no rosto. Se você quer um atendimento exclusivo e uma bebida em especial que não consta no cardápio, saiba recompensar adequadamente.

Taxa de serviço.

Mesmo sendo um direito garantido por lei, existem muitos estabelecimentos que não repassam os 10% de arrecadamento para o garçom. Perguntar ao funcionário não vai tirar sua dúvida, ele sempre vai dizer que recebe, afinal os olhos e ouvidos da chefia sempre estarão voltados para ele. Você tem o direito de não pagar a taxa de serviço se assim preferir, mas se você não paga por um serviço, o funcionário não tem a obrigação de prestá-lo. Justo, não?

Mau atendimento.

Se, mesmo com toda simpatia de sua parte, você fôr atendido de forma grosseira ou até mesmo se sentir ofendido, evite discussão, fazer alarde não é elegante! Dispense o funcionário mal-educado de sua mesa, chame o maitrê ou o gerente e comunique de forme simples e direta a sua reclamação. Ela será repassada, pode ter certeza disso!

Para concluir, procure tratar sempre com respeito as pessoas que estão ali para servir. É bom, todo mundo gosta e torna o mundo um lugar muito mais agradável de se viver! ^^

terça-feira, 23 de março de 2010

Vida de garçon!

Ok, sei que estão com saudades. Portanto mãe, Sô, Quel, Will, Roberto, vou lhes contar um pouco sobre como funciona meu trabalho.

É assim, o cliente entra na churrascaria e é recebido pela recepcionista, cuja incumbência é fazer o cliente se sentir à vontade. Como fazer isso? É problema dela!

A partir daí o cliente começa a olhar curioso em volta procurando o melhor lugar para sentar e é aí que entra o garçon, eu! Vou seguindo o vivente pelo salão até ele se decidir em qual mesa vai fazer sua refeição. Parece fácil até aqui, mas tem clientes que adoram dificultar a sua vida pois têm uma dificuldade tremenda em tomar essa simples decisão.
Perto do ar-condicionado? A comida esfria rápido!
Perto da janela? Muito calor!
Perto do buffet? Todo mundo passa por ali!
Perto do banheiro? Nem pensar!!!

Certo, já trotei em volta do salão duas vezes que nem um idiota atrás do cliente (que não aceitava minhas sugestões) e ele finalmente se sentou. Hora de confrontá-lo com mais uma decisão a tomar em sua vida.

"Deseja beber alguma coisa senhor?"

"Ah, err... beeemm... eu acho que vou querer uma..."

"Coca Cola com gelo e limão senhor?"

"Isso, pode ser!"

Viu, essa parte é relativamente fácil, se você perceber que o cliente está indeciso, empurra uma Coca com gelo e limão, sempre funciona! E nunca, jamais, em hipótese alguma deixe de ser simpático e atencioso. Por mais que a pessoa seja um tremendo fdp ou uma perua nojenta. Sempre seja atencioso. Vai valer a pena, acredite!

Vou até o freezer, pego uma Coca Cola e peço um copo com limão e gelo para o copeiro (que é idêntico ao cantor Seal) e aproveito pra trocar uma idéia com ele ou contar alguma piadinha idiota (ele sempre acha graça =P), levo a bebida até o cliente sobre a bandeja tomando cuidado para não deixar cair nada. Se cair vai ser ruim, muito ruim! Após isso pego o bloco de comandas, anoto o número da mesa, meu nome (para que, caso der B.O. o patrão saiba em quem ele deve mijar), anoto um rodízio, uma Coca, destaco, coloco na mesa e pronto. Fico ali andando à toa, caçando serviço.

O cliente terminou de comer, mas ele não me chama ou avisa (alguns nem ao menos cruzam os talheres sobre o prato como manda a etiqueta), você apenas percebe que ele recusa tudo q oferecem. Me aproximo discretamente da mesa dele parando ao lado, tomando cuidado pra não assustá-lo. Se isso acontecer ele poderá se engasgar e aí eu nem preciso dizer que vai ser ruim pra cacete!

"Está satisfeito Sr?"

"Hummm, bem... na verdade eu..."

"Picanha?"

"Humm, acho que não..."

"Abacaxi com canela?"

"ISSO!!! abacaxi com canela!!! Boa cara, gostei de ti!"

Pronto, se depois do abacaxi você lembrar de oferecer um cafezinho, você conquistou o cliente e provavelmente vai receber gorjeta! $___$

Depois disso ele pede a conta, entrego a comanda pro chefe, ele soma tudo, entrega pra mim numa pastinha preta e basta levar para o cliente. Ah, já ia me esquecendo. É importantíssimo que se retire os pratos e as guarnições da mesa assim que ele terminar e é aí que mora o perigo! A maneira correta é empilhar os pratos no centro da bandeja e as guarnições nas laterais apoiando-as nas bordas dos pratos. Carregar tudo com uma mão só até a cozinha sem derrubar nada. Seria péssimo!!!

Volto para o salão, espero o cliente se retirar. Assim que ele sair, eu troco as toalhas da mesa por novas e monto a mesa novamente.

Pronto, basicamente é isso. Existem outros pormenores e trabalhinhos extras que cabem ao garçon também, mas deixemos isso para próximos posts.

Adoro vocês, não esqueçam de comentar. Façam um blogueiro feliz!
=D

sexta-feira, 5 de março de 2010

Lá e de volta outra vez!

Atendendo a inúmeras expectativas (3 pra ser mais exato =P), vou comentar um pouco sobre meu último final de semana. Sexta-feira passada às 20:00hs, embarquei rumo à São Paulo. Motivo da viagem: futuro e assuntos do coração!

Após uma madrugada insone em um poltrona de ônibus, cheguei na grande metrópole pela manhã e já fui devidamente apresentado a uma das grandes personalidades da cidade, o rio Tietê. Menor do que eu imaginava em largura, e infinitamente mais longo! Ah sim, e muito, mas muito mais sujo. O mal cheiro se insinuou pelo ar condicionado sem fazer cerimônia, me forçando a lembrar do quanto o ser humano pode ser imundo!

Depois de assimilar esse primeiro choque de realidade, dirigi meu olhar para o horizonte e vi algo muito mais grandioso do que eu esperava. Prédios, condomínios, gigantes cinzentos de concreto muito mais imponentes e intimidadores do que todos que já tenha visto um dia! Depois que você sai da cidade grande para ir morar em uma cidade pequena e pacata do interior, acaba se acomodando e desacostuma completamente com a visão tumultuada e quase caótica dos grandes centros urbanos. E sente um certo abalo quando volta a ter contato com as grandes feridas abertas pelo homem na superfície do planeta.

Mas, uma cidade não é feita de aço e cimento, mas sim de pessoas. Após ser recebido com muito carinho e afeto pela minha namorada, minha cunhada e seu noivo, voltei a minha atenção para as pessoas nas ruas, e tive mais surpresas! Sempre tive aquela visão clássica de que em toda metrópole as pessoas acabam quase que inconscientemente se fechando umas para as outras e deixando de perceber o que acontece no mundo ao seu redor, não foi o que eu vi. Muitos que cruzavam por nós olhavam curiosos não só pra gente, mas para praticamente todo mundo que atravessava seu caminho, atentos a tudo que acontecia em volta como se isso os fizessem esquecer um pouco da rotina, como se procurassem ansiosos por algo que os lembrassem de quem realmente são. Uma grata surpresa!

A cada esquina, a paisagem e os rostos mudavam de forma tão repentina e contínua que aquela sensação de opressão me abandonou por completo. Minhas conclusões positivas sobre os paulistas se confirmaram ao chegar na casa da minha guria, onde fui recebido com abraços e apertos de mão calorosos e sorrisos sinceros. Seus pais são pessoas inteligentes, cultas, que me receberam de braços abertos e me trataram com uma simpatia rara de se encontrar hoje em dia. À eles, meus mais sinceros agradecimentos, foi uma grande honra conhecê-los.

Depois de uma difícil despedida, voltei para Catalão já com saudades de todos e com novas metas a traçar. Voltei com o espírito renovado e com a lembrança de que a vida sempre tem algo de especial reservado para cada um e que no fim das contas, "viver" trata-se de como cada um de nós recebe e aprende a lidar com esses presentes que o mundo nos concede.

PS: sei que meu avô vai acabar lendo isso, então quero dar um recado. Vô, nunca me esqueci de todos os conselhos, de todas as lições de vida que vc me deu desde que me entendo por indivíduo. Suas palavras têm sido uma benção. Te amo.

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Primeiras impressões.

Como essa é minha primeira postagem, nada mais adequado do que uma apresentação formal! Me chamo Frederico Lenz e trabalho como garçom em um restaurante em Catalão - GO. Sou natural do RS e moro em uma república com 6 outros garçons assim como eu... bom, não exatamente como eu, afinal tem muito cara ali que merecia estar andando em círculos no pátio de um manicômio usando uma confortável camisa de força! Mas, quanto a profissão, somos todos farinha do mesmo saco!

Fazem apenas dois meses e alguns dias que resolvi me aventurar além das fronteiras gaúchas e, chegando aqui percebi coisas realmente curiosas. Talvez a mais notável delas seja o fato de que as pessoas estacionam seus carros sobre a calçada!!! o.O Não que isso seja uma novidade pra todo mundo mas, levando em conta que venho de uma cidade pequena onde qualquer multinha vira matéria de capa, realmente estranhei ao ver vários automóveis enfileirados sobre as calçadas em inúmeras ruas da cidade, entre eles uma VIATURA! Foi aí que eu entendi o pensamento local: "se os homens da lei fazem, porquê a gente não haveria de fazer?" Bizarro!!!

Logo no meu primeiro dia de trabalho eu pude notar uma outra diferença gritante entre o povo daqui e o lá do sul. Educação. Não, eu não irei começar com uma rasgação de seda com os gaúchos em detrimento dos goianos. Dessa vez a gauchada levou a pior. As pessoas daqui se mostraram muito gentis, respeitosas e de boas maneiras e isso se reflete princiálmente na forma como as crianças se comportam, "com licença", "por favor", muito obrigado"... são constantes no vocábulário dos pequeninos de Catalão, coisa que muito dificilmente se percebe no Rio Grande do Sul, um povo mais fechado, arrogante e arredio!

Apesar de estar tendo um pouquinho de dificuldades para entender o sotaque daqui (uma mistura de nordestino com mineiro, rsrsrs), a simpatia e hospitalidade dessa gente fala por si só. É tão mais agradável viver em um lugar onde não se é observado com olhos desconfiados e agourentos, que até mesmo o calor severo dessas terras parece mais... suportável.